Só leia se tiver (muita) coragem

Artigo de Andreia Stanger (2018)

Praia de Tamandaré. Créditos Andreia Stanger

Sabe aquele livro que você tem na estante e nem sabe como ele foi parar lá? Pois é, foi assim com este. Sempre gosto de levar/comprar livros nas viagens. Comecei a ler despretenciosamente o livro “Trabalhe 4 horas por semana” de Timothy Ferriss e o cérebro começou a dar nó. Parei! Pensei que precisava recomeçar a ler e, anotar!!

Na volta da viagem, dois meses depois, retornei a leitura e conclui antes de pousar no destino (algumas tantas horas depois). Simplesmente devorei o livro! Aliás, eu gosto de livros que me prendam a atenção e que eu não consiga largar até concluir.

O que tem o livro de tão espetacular além do título? Já pensou em trabalhar apenas 4 horas por semana, fugir da rotina, viver onde quiser e ficar rico? Sonho de consumo, não é mesmo??? Pois é! O livro é cheio de perguntas muito intrigantes, como essa: o que você faria se não houvesse mais aposentadoria? Já pensou nisso? Se você trabalhasse a vida toda e não tivesse a perspectiva de parar de trabalhar? Morrer, literalmente, trabalhando?

Considerando o cenário atual isso é bem possível de acontecer, não é mesmo? E também pode ocorrer de você ficar doente ao se aposentar e não poder aproveitar mais a vida como imaginou, ou mesmo nem chegar vivo lá! E ai aqueles planos todos que fez para quando se aposentasse nunca serão realizados. Triste, não?

A solução? Tirar mini-aposentadorias no decorrer da sua vida. Aproveitar oportunidades como férias, tirar um ano sabático e até mesmo driblar o sistema e fugir do trabalho (Ops! Não fui eu quem deu ideias… foi o autor do livro). Tim Ferriss não apenas mostra de forma clara como viabilizar as mini-aposentadorias, mas também apresenta uma lista enorme de realizações que fez como: tetracampeão mundial de vale-tudo, campeão nacional chinês de kick boxing, dançarino de break da MTV de Taiwan dentre várias outras coisas incríveis. Como ele fez isso tudo? Leia o livro!

Mas vou adiantar o segredo principal do livro: fazer coisas que você gosta ainda hoje. Não esperar para quando se aposentar. Simples assim!

Vamos raciocinar com exemplos: já pensou se o seu sonho pra aposentadoria é ter uma pousada e aí quando você se aposenta, monta a tal da pousada e descobre que foi uma péssima ideia? Que você precisa trabalhar mais do que nunca, que não tem horário, feriado, sábado e domingo?? (Nada contra quem tem ou sonha em ter uma pousada! Que fique claro!) Você vai passar a vida toda trabalhando em prol deste objetivo e descobre que é uma grande m.! Tarde demais! Sinto muito! Já era! Finish! The end!

Outro ponto muito interessante é que as pessoas se matam de trabalhar para ter um carro modelo x ou um apartamento “top das galáxias”, se privam do cafezinho, das viagens de férias com a família, tudo em prol desse sonho. E ai quando conseguem já não tem mais graça e partem para outros objetivos (agora um barco, depois um iate, outro carro, uma moto, uma casa na praia, e assim por diante). E vai ter que trabalhar mais ainda pra pagar o seguro, comprar acessórios, para aumentar a segurança, afinal de contas bens valiosos exigirão maior cuidado e lá vai você novamente sacrificando pequenos prazeres em nome deste seu grande novo objetivo. E assim continua nessa espiral de sempre ter algum objetivo, algo a ser conquistado. Não relaxamos nunca!

felicidade só existirá quando adquirir tal coisa. Então a gente deixa pra ser feliz quando passar num concurso, ou quando tiver um carro, ou quando adquirir a casa própria e assim por diante… vamos postergando a felicidade acreditando que ela estará lá na aposentadoria.

Aqui eu gostaria de fazer um relato de um episódio que aconteceu durante uma viagem. Estava eu na fila da imigração, fila enorme aliás, e uma senhora brasileira puxou papo. Ela me perguntou se eu já havia viajado para Buenos Aires (eu estava indo pra Bariloche) e me fez algumas perguntas sobre a cidade. Confidenciou-me que estava aposentada e entrou para um grupo no Facebook chamado “Mulheres que viajam sozinhas” e que essa era sua primeira aventura, sua primeira viagem internacional e também sua primeira viagem sozinha e estava um pouco apreensiva. Dei algumas dicas para ela e ai ela me relatou algo que fiquei estupefata.

Ela e o marido haviam trabalhado a vida toda para construir um sobrado enorme. Se privaram de várias coisas, nunca viajavam pra poder construir a casa e então quando ficou pronta … se separaram, um dos filhos mudou-se de cidade e ficou ela e o caçula na casa gigantesca. O pior de tudo, ela não queria mais morar ali porque não tinha mais sentido e também estava com dificuldade para vender o imóvel devido à crise. Disse-me que se arrependia de ter trabalhado tanto para construir sendo que aquela casa nem a fazia feliz. Foi um encontro rápido numa fila de imigração, possivelmente nunca mais a verei, mas foi de grande aprendizado para mim. Aquelas coisas que o destino nos proporciona para que a gente aprenda com os outros.

E ai eu lhe pergunto: será que realmente você precisa trabalhar tanto para comprar coisas que você não precisa? Ou guardar coisas que não usa mais? Já notou o tanto de coisa que acumulamos? No momento da leitura e também ao assistir um documentário do Netflix chamado Minimalismo tive um surto psicótico e comecei a me desapegar de um monte de coisas.

Essas foram apenas algumas das reflexões que o livro me rendeu. Outras tem a ver com produtividade, como você fazer seu tempo render mais e ser mais eficaz, não perder tempo com besteira, terceirizar atividades e, principalmente, despertar o empreendedor que existe em cada um de nós.

Aposto que você quer saber como ficar rico trabalhando só 4 horas por semana não é mesmo? O autor dá várias dicas, mas o grande e real significado sobre ficar rico é ter tempo mobilidade. Como assim? Ah, não vou contar tudo não é mesmo? Sugiro que você adquira o livro e faça anotações no decorrer da leitura, pois tenho certeza que muitas ideias irão surgir. A sensação que tive ao ler é que meu cérebro estava se expandindo a níveis inimagináveis, fervilhando de ideias. O mais incrível que muitas das coisas que ele sugere são simples de se fazer e implementar. E aí você se questiona: como eu não pensei nisso antes?

O mais importante do livro, e que fique claro que não se trata de um livro de autoajuda, é o questionamento que nos remete: você é feliz hoje?? Ou vai esperar ter algo ou vai esperar se aposentar para ser feliz? Boa leitura!

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